Lima e Pepe beijam o troféu do Mundial de 62
(Foto: Lincoln Chaves/Globoesporte.com)
Pelé (três vezes), Coutinho e Pepe fizeram do Estádio da Luz, em Lisboa, o palco do primeiro título mundial da história do Santos, com uma goleada por 5 a 2 sobre o Benfica, de Portugal. O feito, que comemora exatos 50 anos nesta quinta-feira, foi relembrado com a visita dos campeões Pepe e Lima ao Memorial das Conquistas do clube. E a dupla não tem dúvidas em apontar a vitória que sacramentou o título como sendo a melhor atuação do Peixe na história.
- Fico muito feliz de comemorar essa data e relembrar momentos gratificantes. Foi a maior exibição de um time de futebol que já vi na vida. Ganhamos no Maracanã (primeiro jogo) por 3 a 2, em uma partida difícil, e os portugueses estavam confiantes que não perderiam em casa. Acabou sendo um chocolate - relembra Pepe.
- Não tem como esquecer. Foi o maior jogo do Santos e daquele nosso time. Os erros foram muito poucos. Eles (Benfica) tinham um timaço. Eram oito jogadores da seleção portuguesa contra nove da brasileira no Santos. Após o jogo, eles reconheceram que não dava para segurar nosso time. Marcava o Pelé, mas sobrava o Coutinho. Marcava o Dorval, sobrava o Pepe. Todos estávamos muito iluminados. Foi uma delícia - completou Lima.
Para Lima, uma das lembranças mais marcantes do duelo em Lisboa foi a confiança dos benfiquistas de que a terceira partida da decisão (caso o Benfica ganhasse, independentemente do placar, seria disputada um jogo-desempate na França) seria inevitável, devido ao retrospecto positivo das Águias no estádio.
- Em alguns pontos de Lisboa, já estavam vendendo ingressos para o terceiro jogo. Isso porque a gente nem havia jogado a segunda partida! A vendedora disse que não daria para evitar o novo confronto, porque o Benfica nunca tinha pedido na Luz. Mas tudo tem a primeira vez... - contou o “Curinga da Vila”.
Pepe, por sua vez, tem fresca na memória a lembrança do gol feito contra os portugueses - o quarto da goleada. Gol esse que, segundo o "Canhão da Vila", foi o "mais feio" de sua carreira pelo Santos.
- Fiz uma tabela com o Coutinho. O campo estava muito úmido e a bola foi para o Costa Pereira, que era o bom goleiro do Benfica. Mas ele caiu atravessado para fazer a defesa e deixou a bola escapar. Fiquei com ela no pé, na marca do pênalti, e só empurrei para dentro. Foi tão fácil que fiquei até envergonhado (risos) - brincou.
Mas se por um lado o Mundial é visto hoje quase que como uma obsessão pelos clubes brasileiros, o mesmo não se podia dizer 50 anos atrás. De acordo com Lima, a dimensão do que representava derrotar o campeão europeu só seria identificada tempos depois. Já o segundo título, em 63, em cima do Inter de Milão, foi muito comemorado.
- No primeiro título, a festa não foi tão grande. A própria torcida parece que foi pega meio de surpresa. Mas no segundo (título), a cidade ficou enlouquecida. Os torcedores já sabiam melhor que se tratava de um Mundial. A festa em 1963 já começou no Rio, com a torcida enchendo o Maracanã. Aqui (em Santos), foi uma semana de comemoração. E nós também pudemos aproveitar mais o momento do que na primeira conquista – concluiu.
FICHA TÉCNICA
Benfica 2x5 Santos
Data: 11 de Outubro de 1962
Local: Estádio da Luz (Lisboa)
Árbitro: Pierre Schwinte (França)
Público: 73 mil pessoas
Gols: Pelé, aos 15 e aos 25 minutos do primeiro tempo; Coutinho, 3, Pelé 19, Pepe 32, Eusébio (Benfica), 40, e Santana (Benfica) aos 44 minutos do segundo tempo.
Benfica: Costa Pereira, Jacinto, Humberto, Raul e Cruz; Cavem e José Augusto; Eusébio, Coluna e Simões. Técnico: Fernando Riera.
Santos: Gilmar, Mauro, Dalmo, Olavo e Calvet; Zito, Dorval e Lima; Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.