Uma pesquisa comandada pelo sociólogo Maurício Murad mostra que, somente nos nove primeiros meses de 2012, 17 mortes no Brasil foram motivadas pelo rivalidade no futebol. O especialista vê o número como recorde e diz que mudanças são urgentes. Na sua opinião, melhorias na educação e na cidadania são o caminho certo para reduzir a violência das torcidas.
- Isso é um recorde mundial. Não podemos aceitar isso. E não é só por causa da Copa do Mundo e das Olimpíadas. É um direito do cidadão brasileiro. Ainda precisamos caminhar muito para nos desenvolver. É preciso melhorar a educação e a cidadania. É isso que reduz as violências pontuais, dentre elas a do futebol - disse o pesquisador, no .
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Maurício Murad afirmou ainda que a violência do futebol reflete as mazelas de todos os outros setores da sociedade. O sociólogo vê as grandes desigualdades sociais do país como o principal fator para o surgimento da violência.
- Não tenhamos ilusão: o Brasil é um país historica e estruturalmente violento. A maioria dos mortos são de jovens, entre 15 e 24 anos. A violência no futebol é uma expressão da violência do Brasil. O nosso trânsito é o segundo mais violento do mundo. De um lado, somos um país de festas, de música e de futebol, mas por outro lado temos uma estrutura social de exclusões e de violências. Fomos o último país a abolir a escravidão e, de lá para cá, nenhuma questão social foi resolvida satisfatoriamente.
O sociólogo revelou também que a maior parte das mortes são de 'torcedores organizados' que não participam da violência, mas se tornam vítimas por estarem em lugares próximos aos confrontos.
- A maioria dos mortos são de pessoas que não estão ligadas aos vândalos dentro das torcidas organizadas. Eram pessoas que estavam no local, mas que não estavam envolvidos na briga. Isso está no inquérito, não é achismo. São torcedores organizados, mas não faziam parte do vandalismo.
Torcedores do Palmeiras quebram Pacaembu em clássico (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)