LANCEPRESS! - 18/10/2012 - 10:00 Santos (SP)
Quem observa o jeitão ranzinza de Muricy Ramalho, avesso a entrevistas e acostumado a distribuir patadas em jornalistas, não imagina que por trás de uma das maiores autoridades do futebol brasileiro atualmente há um homem extremamente ligado em política, preocupado com os problemas do país.
Foi essa figura que o técnico assumiu e garantiu ser após a partida contra o Atlético-MG, empate em 2 a 2 contra o seu Santos, na última quarta-feira, na Vila Belmiro.
Em uma de suas mais extensas entrevistas na sala de imprensa da Vila, Muricy foi interpelado até sobre o julgamento do Mensalão, esquema de corrupção do Governo Lula, e revelou verdadeira obsessão sobre o assunto. Ele se empolgou, chegou a profetizar que a corrupção vai acabar no país, e disse que vale até perder uma partida de futebol, sua maior paixão, para acompanhar as decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
- A gente estava meio desanimado no país, e realmente ficamos animados agora, porque vimos que tem gente ainda muito séria em Brasília. Os ministros estão dando exemplo de que tudo é importante, que a impunidade vai acabar - afirmou Muricy.
- Estou feliz, e tem de ser tudo televisionado, com a imprensa cobrindo, sem essa de voto secreto, porque é uma democracia, tem de ser aberto. Todo dia estou vendo, largo até o futebol pelo mensalão - completou o comandante.
O treinador ainda revelou verdadeiro fascínio pelos ministros do STF. Principalmente Joaquim Barbosa, o relator do julgamento do Mensalão, de quem Muricy se disse fã.
- Existe, sim, justiça nesse país. Acho que o Brasil depois desse episódio vai ser outro. Estou muito feliz, principalmente com esse ministro, o (Joaquim) Barbosa, que é nosso ídolo agora. Tem de dar nota 10 pra ele, a gente não sabia que tinha gente tão séria assim, e agradecemos - declarou o técnico santista.
O esquema conhecido como Mensalão explodiu entre os anos de 2005 e 2006, durante gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e é considerado um dos maiores esquemas de corrupção da história do país. A Procuradoria Geral da República denunciou em sua maioria membros do Partido dos Trabalhadores (PT), acusados de promover compra de voto de parlamentares, e o julgamento do caso acontece desde agosto deste ano, no Supremo Tribunal Federal.
Diversos acusados já foram condenados pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, evasão de divisas e gestão fradulentas, entre outros. Entre os condenados, estão José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no Governo Lula, José Genoino, ex-presidente do PT, e Delúbio Soares, ex-presidente do partido, também da atual presidenta Dilma Rousseff.
