terça-feira, 16 de outubro de 2012

Felipe Anderson: 'A camisa 10 não pesa mais. Está na hora de ser o cara'


Alyson Gonçalo, Bruno Cassucci e Fellipe Lucena - 16/10/2012 - 07:00

Santos (SP)


Felipe Anderson do Santos - (Foto: Ricardo Saibun)


– O Felipe Anderson de anos atrás não existe mais.


A frase de efeito não é de algum entusiasmado torcedor santista ou do técnico Muricy Ramalho, que apesar de exigente, tem elogiado o seu camisa 10. Quem anuncia o novo Felipe Anderson é o próprio meia, que vive a melhor fase da carreira. Com boa sequência de jogos, o prodígio, de 19 anos, enfim quer deixar de ser promessa e corresponder as expectativas depositadas nele desde que apareceu nas categorias de base do Peixe.


O sucesso do jovem jogador coincide com a saída de Paulo Henrique Ganso do clube. Desde que o meia deixou o Alvinegro e foi para o São Paulo, Felipe assumiu a camisa 10 santista e tem se destacado.


– Eu me sinto mais confiante, com mais liberdade, mas não vejo que minha melhora se deu por conta da saída dele. Lógico que não tenho mais a sombra e desde então ganhei confiança, consegui o meu espaço, me apresentei mais para o jogo. Não sinto mais o peso, quero agora só manter e continuar crescendo ainda mais. Hoje eu utilizo aquela camisa 10 e preciso dar conta do recado – disse ao L!, enquanto observava a Vila Belmiro do ponto mais alto de Santos, o Monte Serrat.


Essa é, sem dúvidas, a grande temporada do meia. Prova disso é que ele participou de 46 jogos da equipe no ano, sendo o terceiro que mais defendeu o Peixe, atrás apenas de Durval e Arouca. O Menino da Vila, porém, quer mais. Ele espera ter ainda mais regularidade, provar a Muricy e a diretoria que pode ser o camisa 10 no ano que vem e fazer mais gols – marcou quatro em 2012.


Para Felipe, está na hora de voar.


– Vejo mais malícia em mim, tenho mais experiência, venho melhorando, com uma malandragem boa. Tudo isso mudou bastante em mim. Está na hora de ser o cara, cadenciar o jogo e chamar a responsabilidade.


> Confira a entrevista exclusiva com o camisa 10:


Você tem se destacado nos últimos jogos. Com a saída do Ganso, está "livre para voar"?

Com certeza. Sempre que saio na rua falam que mudei, que confiam em mim e me querem como camisa 10. Agora é a hora. Aprendi muito em dois anos como profissional. Está na hora de voar (risos).


Quem foram as pessoas mais importantes nessa recuperação?

Primeiramente, minha família. Quando todos me criticaram, falaram que eu não tinha qualidade e que não vingar no Santos, eles me apoiaram e ficaram ao meu lado. Passei por momentos difíceis, mas eles colocaram minha cabeça no lugar e comecei a trabalhar cada vez mais. O professor Muricy também foi muito importante, sempre me incentivou e acreditou em mim.













Felipe Anderson se vê em condições de vestir a camisa 10 do Peixe (Foto: Ricardo Saibun)

Tem um recado para quem desconfiava de você?

Que continuem tendo calma. Ganhei confiança, mudei bastante e sou outro jogador. É só acreditarem no meu potencial. Sei que posso dar muitos títulos para esse clube e para essa torcida.


Acha que as vaias ajudaram?

Creio que sim. É complicado ser vaiado, você fica meio para baixo, mas peguei para o lado bom. Queria mostrar meu valor.


Já se vê com condições de ser o camisa 10 do Santos?

Com certeza, mas falta fazer gols, né? Às vezes, dou assistência e o atacante não aproveita, então é importante marcar. Vou treinar mais finalização, sei que preciso estar preparado para ajudar ainda mais.


Prefere assistência ou gol?

Prefiro fazer os gols. Você ajuda a equipe mais diretamente. Mas se eu der a assistência e o atacante fizer, está ótimo. O importante é ajudar.


Você chegou a atuar sem a camisa 10. Estava pesando?

Não, não. Joguei com a 8 apenas na Recopa. No restante, usei a 10. Não pesa mais.


Ainda falta algo?

Uma maior sequência de boas partidas. Quero ir bem por uns dez, 15 jogos, manter a regularidade. Sei que se eu jogar mal vão desconfiar, criar dúvidas. Por isso preciso me concentrar e manter a regularidade. Sei que cada vez estou evoluindo mais, tenho mais a produzir.


Sonha em ganhar título pelo Santos como titular absoluto?

Atuei bastante no Paulistão e fui importante na Recopa também, mas quero atuar mais. Creio que até 2016 conquistarei muitos títulos. Vou trabalhar para dar ainda mais felicidade para essa torcida, sei que tenho condições para isso.


Já se vê como um maestro?

Só vou conseguir responder isso dentro de campo. Quero continuar com esse grande número de assistências. Gosto de jogar centralizado, dar passes para os atacantes e laterais. Acho que estou indo bem.


Você pode ser envolvido na volta do Robinho ao Santos. Como vê a possível ida para o Milan?

Só vi pela internet, não chegou nada até mim. Quem não ficaria feliz em jogar no Milan, né? Mas eu quero continua no Santos, não passa pela minha cabeça sair agora. Estou começando a jogar e até 2016 pode acontecer muita coisa pelo Santos. Quero ficar.


Jogar na Europa é objetivo?

Todo jogador sonha em ir para a Europa um dia. Eu também, mas estou muito bem no Santos e quero ficar por muitos anos aqui. É a minha casa.


Sente medo de perder espaço com a chegada de reforços de nome para 2013?

Eles serão muito bem-vindos, não tenho medo de perder espaço, sei do meu potencial. Ainda mais agora que estou confiante. Sei que ano que vem será bom para mim e para o Santos. Vou batalhar para isso.