segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Noriega condena conceito de 'dever cumprido' dos campeões da Liberta


Depois de comemorar o título da Libertadores conquistado em julho de 2013, o Atlético-MG voltou a encontrar o bom desempenho que apresentava na competição no Brasileirão. A vitória sobre o Vasco por 2 a 1, no Independência, deixou o clube mineiro na oitava posição da tabela, a 19 pontos do líder Cruzeiro. Mas, essa postura da equipe não agrada a Maurício Noriega , para ele, as equipes que vencem a competição sul-americana não deveriam desacelerar em campo e aproveitar o ânimo da última conquista para focar no próximo torneio (assista ao vídeo).


- Acho que esse é um dos maiores erros de conceito que existem hoje no futebol brasileiro. Essa questão que está de alguma maneira embutida na cabeça de analistas, dirigentes, torcedores e até de jogadores e treinadores: "Ganha a Libertadores e acabou o ano, tem que ficar se preparando". Time grande tem que jogar o ano inteiro, à vera, como dizem, para ganhar cada vez mais títulos. É uma cultura absolutamente equivocada que, muitas vezes, faz o time deixar de ganhar o título. Por que, se o Atlético-MG não fica na festa tanto tempo como ficou, tem time para ser campeão brasileiro. E não é só o Galo. Todo time que ganha Libertadores pensa: "Dever cumprido". Mas, ganhar um campeonato é dever cumprido? Só isso? E o resto da temporada? Acho um erro de conceito absurdo e vai contra tudo que a gente prega no esporte e no futebol - afirmou Noriega.


Ronaldinho e Jô Atlético-MG Taça Libertadores (Foto: Reprodução/Twitter)Ronaldinho e Jô posam ao lado da taça conquistada

no meio do ano (Foto: Reprodução/Twitter)


Em 2012, ano do último título da Libertadores conquistado pelo Corinthians, assim como o Atlético-MG, o time viveu um período ruim no Campeonato Brasileiro. O clube paulista, que também levantou a taça de campeão mundial daquele ano, terminou o torneio nacional na nona colocação. Para Carlos Eduardo Lino , a maior dificuldade dos jogadores em manter o alto nível é o desgaste sofrido por um calendário extenso de jogos e discorda de Noriega.


- O que pesa para o Atlético-MG é o calendário. É difícil manter aceso um elenco o ano inteiro. Por mais que depois de uma conquista de Libertadores você precise fazer festa, não é só a festa não, é a quantidade de jogos, emendar um jogo decisivo no outro. Se o Galo volta da Libertadores "queimando" no Brasileiro, ele vai chegar "arrebentado" no final do ano. Você é obrigado a dar descanso para os jogadores. Se não for para festejar, cada um faz do seu tempo livre o que quiser, vai ser pelo menos para sossegar um pouco os caras, eles precisam descansar. Estão jogando de mais e é muita pressão o ano inteiro - defendeu Lino.


Apesar do argumento, Noriega relembrou que, no caso do título mundial do Corinthians, o Chelsea, adversário da final, também havia passado por um longo período de competições. Segundo o comentarista, foram quase 80 jogos sem tempo para descansar.



- Chega na final e coincidentemente, é época de final de temporada europeia também e os caras jogam tantos campeonatos como aqui. Na Inglaterra, principalmente, tem muitos campeonatos. A grande diferença é que talvez não tenha dinheiro para ter um elenco, mas o Atlético-MG tem um elenco capaz, ganhou do Corinthians no Pacaembu com o time reserva - explicou.


O próximo compromisso do Atlético-MG será contra o Santos, sétimo colocado com 32 pontos, no estádio Independência, no final de semana. As equipes entram em campo às 18h30 (de Brasília).