Elivélton, volante da Portuguesa Santista
(Foto: Lincoln Chaves)
A Portuguesa Santista depende de uma vitória por ao menos dois gols de diferença sobre o Atibaia neste domingo, às 10h (de Brasília), pela sexta e última rodada do Campeonato Paulista da Segunda Divisão (equivalente, na verdade, à quarta) para manter vivas as chances do acesso à Série A-3 do futebol paulista. E para um jogador da Briosa em especial, a classificação para a quarta e decisiva fase da competição é fundamental para a carreira. Pelo menos é no que se apega o volante Elivelton, 21 anos.
Elivelton foi revelado nas categorias de base do Corinthians, onde permaneceu até os 17 anos, chegando a ser capitão. Trocou o Timão pelo Santos em 2009, em transferência que revoltou o então presidente do Alvinegro do Parque São Jorge, Andrés Sanches. No Peixe, foi promovido duas vezes ao elenco profissional, por Dorival Júnior e Adilson Batista, embora nunca tenha jogado. “Rebaixado” por Muricy Ramalho, passou a treinar separado.
A esperança é a última que morre, não é?"
Elivelton
Sem espaço e com o contrato próximo do fim (seu vínculo termina em 28 de fevereiro do ano que vem), o volante aceitou o desafio de defender a Portuguesa Santista, por empréstimo, até novembro. Um passo atrás na carreira? Muito pelo contrário.
– Não vejo dessa forma (passo atrás). No Santos, acho que eu não estava sendo muito aproveitado. A Portuguesa me abriu as portas, e quando apareceu a oportunidade de ser emprestado, aceitei. Acredito que estava meio escondido (no Santos), e que aqui (na Briosa) teria a chance de mostrar meu futebol e aparecer – diz Elivelton.
O otimismo de Elivelton se justifica. Titular desde que chegou à Briosa, em julho, o volante tem sido um dos destaques do time dirigido pelo ex-jogador do Peixe Paulinho Kobayashi. A classificação à última fase da Segundona, portanto, é vista como decisiva pelo jovem para chamar, de vez, a atenção do técnico Claudinei Oliveira – que o treinou na equipe sub-20 do Alvinegro. A expectativa é tanta que o garoto sonha até em ganhar uma nova chance no Santos ainda este ano, após o empréstimo.
– A esperança é a última que morre, não é? Estou trabalhando forte para isso, buscar o acesso e conquistar mais oportunidades – garante.
A superação do 'xerife' do Timão
Natural de Santo André, Elivelton se destacou no São Caetano antes de chegar ao Corinthians, aos 14 anos. Apontado como uma das grandes promessas da base do Timão e considerado um “xerife” no meio-campo pelo estilo de jogo marcador, o volante disputou o Sul-Americano sub-15, pela seleção brasileira. O início no Parque São Jorge, porém, não foi fácil. No período, exames cardiológicos detectaram uma aceleração nos batimentos quando realizava esforços físicos. Justo quando tinha acabado de receber a primeira convocação para a Seleção sub-15, antes do torneio continental.
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– Foi muito triste. Passei por uma cirurgia a laser, fiquei sete, oito meses parado. Tinha pouco tempo da morte do Serginho (ex-zagueiro do São Caetano, que sofreu uma parada cardíaca durante um jogo contra o São Paulo, no Morumbi, em 2004), o caso do Washington (que, em 2002, teve detectadas anomalias nos batimentos)... Pensei: ‘Vou ter de parar logo agora, depois de ser convocado?’ Fiquei bem chateado – diz, fazendo questão de agradecer ao Corinthians pelo apoio recebido na época.
– Eles me ajudaram bastante, apoiaram em tudo. Hospital, médico... Graças a Deus, voltei a jogar, trabalhei forte e fui convocado de novo – conta o garoto, então agenciado por Wagner Ribeiro e que hoje tem a carreira administrada pelo empresário Flávio Dias.
Em 2009, porém, Elivelton trocou o Timão para defender o Santos, então bicampeão paulista sub-20. Apesar de a transferência ter desagradado à diretoria corintiana, já que o clube pretendia firmar um contrato profissional com o volante, o jogador garante não ter deixado o Parque São Jorge brigado, e justifica a mudança por ele e o pai avaliarem que a oferta do Peixe – que já havia tentado trazê-lo quando estava no São Caetano – ter sido melhor.
– Foi mais por causa de contrato, questão de salário... Não teve acordo (com o Timão), o Santos aceitou a proposta e optei por vir – resume, evitando polemizar sobre o episódio.
Elivelton disputa bola com Giovanni em treino no Santos, em 2010 (Foto: Divulgação / Santos FC)
A busca por espaço na Vila Belmiro
Logo no primeiro ano no Santos, Elivelton foi outra vez convocado para uma seleção de base, desta vez a sub-17, defendendo-a no Sul-Americano e no Mundial da categoria. Neste último torneio, atuou ao lado de nomes como Neymar e Philippe Coutinho. Mesmo com um elenco estrelado, o Brasil acabou surpreendido e caiu logo na primeira fase. Para o volante, uma palavra define o que ocorreu na competição, disputada na Nigéria.
– Acho que foi azar... O grupo era forte, com grandes jogadores e que há um bom tempo vinha jogando junto – comenta, relembrando a experiência de atuar ao lado de Neymar e até mesmo recordando uma das vezes em que teve de enfrentar o craque do Barcelona.
– Ele é muito rápido, inteligente. Quando ele jogava na Portuguesa Santista e eu no Santa Maria, de São Caetano do Sul, a gente se enfrentou na semifinal de um torneio. Lembro que vencemos e ele começou a chorar (risos) – brinca.
Minha ideia é continuar no Santos, mas o meu primeiro objetivo é o acesso aqui na Portuguesa Santista"
Elivelton
A primeira chance no elenco profissional veio em 2010, quando foi promovido pelo técnico Dorival Júnior, integrando o vitorioso Santos de Neymar, Paulo Henrique Ganso e André. Apesar disso, a dura concorrência no setor, com Arouca e Wesley, minaram as chances de Elivelton, que retornou ao sub-20 no segundo semestre sem ter ido a campo.
No ano seguinte, nova oportunidade no time principal, desta vez sob o comando de Adilson Batista. Relacionado pela primeira vez contra o Santo André, na sétima rodada do Paulistão, só voltaria a ser lembrado na última rodada do Brasileirão de 2011, diante do São Paulo, quando Muricy Ramalho relacionou apenas reservas e garotos da base, poupando os titulares para o Mundial de Clubes. O volante, no entanto, não deixou o banco de reservas.
Comandado por Claudinei Oliveira na base santista, Elivelton ainda não teve a chance de conversar com o treinador, mas está na expectativa por uma oportunidade. Muito depende, porém, do que acontecer neste domingo.
